Segurança Pública - SC terá delegacias regionais anticorrupção

Entrevista com Paulo Norberto Koerich, delegado-geral da Polícia Civil-SC

Paulo Koerich foi o primeiro nome anunciado pelo governador Carlos Moisés para compor sua equipe de governo. Isso aconteceu ainda em novembro de 2018 e em janeiro deste ano ele tomou posse como delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina. Servidor de carreira, Koerich ingressou na Polícia Civil em 1994 e a primeira comarca onde esteve lotado foi Joinville. De lá saiu para desenvolver seu trabalho em Blumenau, Itajaí e, mais recentemente, em Gaspar.

Nesta entrevista exclusiva, ele fala, de como se prepara para assumir a presidência do Colegiado Superior de Segurança Pública e enaltece a qualidade dos policiais catarinenses.

“O resultado que nós temos deve-se, primeiro, à qualidade do nosso policial civil

e à dedicação dos nossos policiais como um todo.”

 

Foto: PCSC

 

 

ADI-SC/Adjori-SC – Santa Catarina registrou queda no número de índices de violência. De onde vem essa redução?

Paulo Koerich – Esses índices eu reputo que devem-se, principalmente, ao fato de as polícias terem aumentado a integração de suas ações. E quando eu falo integração, é no sentido de a Polícia Militar realizando as operações ostensivas, da Polícia Civil com trabalho de inteligência, para deter pessoas que praticaram atos criminosos e possuem contas a prestar para com a Justiça.

 

ADI/Adjori – Alguns especialistas apontam que a redução da criminalidade estaria vinculada à queda de conflitos entre organizações criminosas. Isso aconteceu em SC?

Koerich – Em Santa Catarina a polícia organiza operações semanais, para não dizer diárias, a fim de coibir a ação de organizações criminosas. Tanto é que nós temos, quase que semanalmente, operações aqui na Grande Florianópolis tirando de circulação pessoas que integram organizações criminosas.

 

Dessa forma é que nós mantemos o controle. E o estado com índices diferenciados em relação aos demais estados do Brasil. Hoje a situação está mais controlada. Com certeza.

 

ADI/Adjori – Sobre a integração das polícias. Não é uma coisa que acontece do dia para noite. Há algo para melhorar?

Koerich – O governador (Carlos Moisés), de uma forma inovadora e ousada, criou uma forma diferente de gestão da segurança pública com a criação do Colegiado Superior de Segurança Pública. E, com isso, o que acontece? Os dirigentes das instituições policiais, do Corpo de Bombeiros, e do Instituto Geral de Perícias sentam semanalmente à mesma mesa e discutem ações relacionadas à segurança pública, quais são as demandas que as instituições têm, no que uma pode auxiliar a outra, que é o que acontece na grande maioria das vezes. Dessa forma, busca-se o quê? A integração e o respeito à legislação.

 

ADI/Adjori – No ano que vem o senhor assume como presidente do Colegiado. Quais são os planos?

Koerich – O que eu planejo é dar continuidade ao trabalho que vem sendo feito: a integração das forças policiais, o respeito ao cidadão, e buscar a melhoria da condição de trabalho para todos os nossos policiais, bombeiros militares e peritos oficiais.

 

ADI/Adjori – Alguma demanda específica, por equipamento ou por pessoal?

Koerich – Na verdade, nós sempre temos a demanda. Não adianta o dirigente dizer que está satisfeito. Enquanto nós estamos conversando aqui, alguma ferramenta nova de segurança pública está sendo lançada. Buscamos o aperfeiçoamento do nosso policial com cursos continuados de formação, como também a ampliação das condições de trabalho, investindo em  inteligência artificial. Nunca tivemos tantos policiais sendo enviados para fora do país e para outros estados da Federação como nesses dez meses.

 

ADI/Adjori – O ministro Sergio Moro esteve em Santa Catarina e disse que tem vontade de fomentar delegacias anticorrupção nos estados. O senhor conversou com ele? Como isso acontecerá em SC?

Koerich – Já temos uma delegacia que atua nesta área de combate a corrupção e crimes contra o patrimônio público na DEIC (Diretoria Estadual de Investigações Criminais). Dentro do projeto que o Ministério da Justiça apresentou, ela será ampliada. Antes disso a Polícia Civil já vinha trabalhando numa reformulação, visando à criação de unidades de combate à corrupção em outras regiões de Santa Catarina. Então veio a complementar. Nós vamos abrir, em um primeiro momento, quatro ou cinco novas delegacias que atuarão em macrorregiões e especificamente no combate à corrupção. Uma na região Sul, uma ampliação aqui na DEIC da Capital, outra no Norte, no Meio-Oeste e Extremo-Oeste.

 

São delegacias de combate à corrupção que terão uma coordenadoria estadual vinculada à Delegacia-Geral e com policiais que atuarão especificamente no combate à corrupção.

 

 

ADI/Adjori – Existe um prazo?

Koerich – Temos um programa que estamos buscando superar. Existe uma questão histórica, que é a carência de efetivo. E uma realidade logística que tem que ser respeitada dentro da Academia de Polícia. Por quê? Porque nós temos que formar novos policiais e, simultaneamente, manter os cursos de formação continuada. Tanto é que até o mês de julho retornaram à Academia cerca de 1,5 mil policiais civis. São ações inovadoras. Nesses dez meses de administração, nós passamos por uma revolução na gestão da administração da Polícia Civil.

 

Temos hoje um planejamento estratégico sendo redigido e sendo levado à fase final de elaboração, com assessoramento de pessoas que têm conhecimento específico na área.

 

ADI/Adjori – Santa Catarina tem dados positivos sobre resolução de crimes. Como avalia estes índices?

Koerich – O resultado que nós temos deve-se, primeiro, à qualidade do nosso policial civil e à dedicação dos nossos policiais como um todo. Segundo, nós temos com isso know how que nenhuma outra polícia tem. Por exemplo, resolução de sequestros. Santa Catarina é detentora de um know how único. Há mais de 25 anos todos os sequestros que aconteceram em Santa Catarina foram solucionados. Todas as vítimas resgatadas com vida, ilesas, sem pagamento de resgates, e com todos os autores identificados. Agora, tudo isso ainda requer aprimoramento e é um trabalho lento. Como o país, o Estado também tem uma deficiência de recursos e nós trabalhamos com os recursos disponíveis. Por isso reputo que o sucesso das nossas operações, das nossas ações, deve-se à qualidade dos policiais que Santa Catarina tem e que faz a diferença em nível nacional.

 

Por Murici Balbinot, Adjori-SC e Andréa Leonora, ADI-SC