Megaempreendimento vai atrair shows internacionais para SC

Será inaugurada no dia 1º de dezembro, na Grande Florianópolis, uma arena de eventos multiuso, obra que exigiu investimentos de R$ 60 milhões, sendo 50% de recursos próprios e 50% financiados por bancos. A Arena Petry foi instalada em uma área de 61 mil metros quadrados (m²) de São José. A área construída, com 24 mil m², terá capacidade para receber exatamente 19.415 pessoas, se totalmente aberta. Mas o sistema multiuso permitirá, por exemplo, a realização de dez eventos simultâneos, com entradas independentes e em espaços exclusivos, com isolamento térmico e acústico adequado a cada espaço.

De acordo com o diretor Comercial do empreendimento, Roberto Petry, não há lugar destinado a eventos comparável a este no Brasil ou na América Latina, sendo raros também no mundo. São vários os diferenciais, mas um se destaca: a visibilidade panorâmica do palco, que chega a pelo menos 95%, qualquer que seja a localização do espectador. São 540 m², 24 metros de boca de cena, 15 metros de profundidade e 22 de altura, com estrutura para suportar 27 toneladas, o que dispensa a instalação de treliças para equipamentos de som e luz.

Além disso, tem três aberturas, de forma que os artistas podem ser elevados ao local da apresentação diretamente a partir de um grande camarim que fica sob o palco. As paredes em concreto pré-moldado e a cobertura com um imenso vão livre receberam tratamento acústico que garante um som perfeito nos três níveis destinado ao público. 

 

Apresentação e agenda

 

A Arena Petry foi apresentada à imprensa e influenciadores digitais na manhã desta terça-feira (13). O show de inauguração, no dia 1º de dezembro, será dos sertanejos universitários Fernando & Sorocaba e Marília Mendonça.

Em seguida, no dia 14, acontece o show Tribalistas Tour 2018, com Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown. Mesmo antes da inauguração, o calendário para 2019 já tem mais de 30 eventos marcados.

Roberto Petry contou que há planejamento para ao menos seis shows internacionais no próximo ano, dos quais três já receberam propostas. É que esses artistas não vêm para fazer shows apenas no Brasil. Eles organizam  turnês por vários países da região.

Obra complexa

Passear pela Arena Petry ainda em obra permite se ter uma ideia da complexidade do empreendimento. O arquiteto Luiz Octávio Almeida de Oliveira explicou que parte da inspiração veio das arenas da Grécia Antiga, que privilegiavam exatamente a visão para o local do evento. O diretor comercial explicou que, a partir desta definição, o projeto foi desenvolvido a muitas mãos. “Nós desenhamos um projeto de acordo com as nossas dores como empreendedores. Quando esse projeto foi para o papel, tratamos de consultar muitos profissionais, desde produtor de palco até produtores artísticos e de eventos. Soubemos escutar, considerar e contemplar cada observação no projeto.” Todo o processo exigiu 35 ARTs (Anotação de Responsabilidade Técnica).

Entre a concepção do projeto e o começo da obra, foram cinco anos de muitas viagens e visitas a complexos multiuso ao redor do mundo. Foram considerados elementos de vários locais, como o Anhembi e o Espaço das Américas, de São Paulo, o Mendes Convention Center, de Santos (SP), e até o Centro de Exposições e Convenções de Melbourne, na Austrália. “A nossa vocação principal é para shows, mas estamos preparados para receber todo tipo de eventos, culturais, esportivos, técnico-científicos, comemorativos e grandes espetáculos, como o internacional Cirque du Soleil. O importante é garantir conforto, qualidade e segurança qualquer que seja o evento”, explicou Roberto Petry. Ele acrescentou que o plano de negócios prevê que os grandes espetáculos foram projetados para a partir do segundo ou do terceiro ano de atividade, tempo necessário para a consolidação do empreendimento. Por conta disso, o retorno dos R$ 60 milhões de investimentos está sendo previsto dentro do prazo de no máximo seis anos.

Curiosidades

Evolução – A família Petry se dedica ao ramo de alimentação e entretenimento há mais de 20 anos. O primeiro negócio foi um restaurante e churrascaria em Biguaçu, que aos poucos evoluiu para a realização de eventos, a maior parte familiares ou de pequenas empresas. Os aproximadamente mil metros quadrados logo saltaram para 4,3 mil m², na primeira Arena Petry, também em Biguaçu, uma das casas de shows mais concorridas da região, e que agora será desativada.

O sonho de construir uma megaestrutura foi do patriarca Anito José Petry, que não chegou a ver a obra sequer iniciada. Ele morreu há oito anos, deixando a viúva Sandra Maria Ampessan e os filhos Patrícia (administração geral), Sandro José (diretor presidente), Mariane (marketing) e Roberto José (diretor comercial) à frente dos negócios.

Planos – Existem vários planos para a expansão do negócio Arena Petry. Um deles é a instalação de um hotel nas proximidades do empreendimento. Outro é abrir uma praça de alimentação ou restaurante que permaneça em atividade mesmo quando não houver eventos.

Geração de empregos – Pelo menos 700 pessoas, com diferentes especialidades, já trabalharam na obra durante os últimos dois anos e meio. Depois de concluída, a Arena Petry ocupará cerca de 50 pessoas nas áreas administrativa, comercial e de zeladoria. Entretanto, nos grandes shows e eventos previstos para o local, pode se chegar a ocupar mais de mil trabalhadores temporários. O impacto social na região já está sendo percebido.

Mobilidade – Além das 2,3 mil vagas para veículos, sendo 200 cobertas, deve ser firmada uma parceria com o vizinho Continente Shopping para receber os veículos do público. O traslado de um ponto a outro será feito por vans ou micro-ônibus. Também será incentivado o uso de aplicativos, táxis e vans.

Mas um dos pontos fortes do empreendimento é a localização, com cinco entradas e cinco saídas de fluxo rápido. A Arena está a apenas quatro quilômetros da BR-101 e a 1,5 quilômetro da alça de contorno que, quando estiver concluída, vai agilizar o escoamento dos veículos chegando ou saindo de eventos ali.

Acessibilidade – Todo o projeto obedece as regras de acessibilidade para pessoas com limitações motoras. Além de cinco elevadores que atendem em todos os ambientes, existem 14 banheiros acessíveis por pavimento. Internamente, a circulação pode ser feitas em rampas.

Sustentabilidade – A casa tem três diferentes sistemas de climatização, o Split,, o VRF, que promove a renovação do ar por troca, e o Schiller, por dutos, todos integrados em um sistema de automação. Isso permite que cada ambiente tenha a refrigeração adequada e sem desperdícios.

A água da chuva é armazenada em duas cisternas de 200 mil litros de capacidade total, para uso nas descargas dos sanitários e nos jardins. O ambiente ainda aproveita ao máximo a luz natural.  

Gás natural – Para a garantia de um sistema de fornecimento de energia confiável, a Arena Petry tem uma subestação com três geradores de 1.000 kVA que, de forma inédita no país, são alimentados com gás natural. O projeto de energização com gás natural foi criado em parceria com a SCGás. Em dias de grandes shows, há espaço para a instalação de outros três geradores locados.

Segurança – É considerada a casa de shows mais segura do país pelo enquadramento às ações preventivas do Corpo de Bombeiros. Todos os eventos realizados na Arena Petry terão a presença de uma Brigada treinada para atuar em casos de pânico. As portas corta-fogo suportam 90 minutos de calor intenso, tempo muito maior que o recomendando pelos bombeiros, de 30 minutos. As 36 claraboias (observe na foto abaixo) permitem a rápida exaustão de fumaça e calor, uma prevenção contra tragédias como a da Boate Kiss. por exemplo. As rotas de fuga são bem sinalizadas e um gerador de energia é para uso específico dos bombeiros e socorristas, em caso de necessidade, assim como uma caixa d’água com 20 mil litros.

Estrutura – São quatro cozinhas de apoio para eventos e duas cozinhas industriais; só no térreo existem 16 módulos de banheiros. No total são 244 sanitários. A intenção é não deixar que se formem filas. Por isso, os banheiros femininos foram cindidos em duas partes, uma com sanitários e lavatórios, e outra com espelhos, iluminação e bancada para que as usuárias possam se maquiar.

 

(Por Andréa Leonora, especial para SCPortais | Fotos: Divulgação e Arq. Luiz Octávio)