Entrevista: Antídio Lunelli pré-candidato MDB ao governo SC

Entrevista: empresário Antídio Lunelli

 

“O que me motiva é fazer gestão, entregar resultado”

 Um dos prefeitos mais ricos do país e um dos mais premiados. Prestes a deixar o comando da prefeitura de Jaraguá do Sul, no Norte do estado, conquistou recentemente o prêmio de melhor índice de gestão municipal do Brasil, o empresário Antídio Lunelli foi homologado como pré-candidato do MDB ao governo do Estado. A estrada foi tortuosa, as prévias foram duas vezes adiadas e depois suspensas porque os adversários de Lunelli, o senador Dario Berger e o deputado estadual Valdir Cobalchini, desistiram da disputa. Pesquisas internas apontavam ampla vantagem de Lunelli que vem desde o ano passado se apresentando às bases e falando sobre a necessidade de um Estado mais enxuto, que entregue mais e seja mais transparente. Confira a entrevista exclusiva à coluna Pelo Estado, que o pré-candidato oficial do MDB concedeu.

 

Pelo Estado: Com a decisão de o MDB proclamar o senhor como pré-candidato ao Governo do Estado quais são os próximos passos?

Temos muito trabalho pela frente. Formar as nominatas de deputado estadual, federal, construir alianças e, sobretudo, planejar o que queremos para Santa Catarina. Temos muitos gargalos de infraestrutura, uma educação que precisa ter melhores índices e se modernizar, a saúde. Há problemas em todas as áreas e a solução para cada um deles passa por uma filosofia de gestão mais parecida com a que temos nas grandes empresas de Santa Catarina. É preciso priorizar, conhecer os números, ter planejamento, cobrar resultado e ter uma equipe capaz.

 

“Temos muitos gargalos de infraestrutura, uma educação que precisa ter melhores

índices e se modernizar, a saúde.”

 

Pelo Estado: O senhor enfrenta uma resistência no partido que quer o governador Carlos Moisés na sigla ou indicar o vice. Como convencer essa ala a apoiar seu nome na convenção do MDB?

A suposta resistência é cada vez menor. Eu gostaria muito de ter tido a oportunidade de disputar as prévias porque o resultado deixaria isso bem claro. Mas também entendo que a busca por unidade é importante e inteligente, desde que seja verdadeira. Vamos conversar e construir com todos que estiverem dispostos. Eu quero dialogar, quero ajudar a unir o MDB. Não sou dono da verdade e nem melhor do que ninguém, sou um homem simples que saiu do campo aos 17 anos, fui funcionário, mais tarde abri minha sua empresa, prosperei e depois quis dar minha contribuição à sociedade entrando na política. Vamos continuar trabalhando assim como foi até agora até as convenções. E, até lá, já teremos nominatas, alianças. O MDB sairá unido e mais forte.

Pelo Estado: O modelo de gestão que o senhor adotou em Jaraguá do Sul será uma referência na campanha deste ano?

Sem dúvida. É um modelo que vemos nas empresas catarinenses. O dinheiro público precisa ser bem administrado ou os velhos problemas vão se eternizar. Quando assumi, em 2017, a situação era bastante complicada, ou mudávamos as coisas ou corríamos o risco de atrasar salários. Com pulso firme e foco, em um ano, quitamos todas as dívidas, fizemos uma ampla reforma, recuperamos a credibilidade, tivemos superavit e já começamos a investir. Batemos recorde de obras de pavimentação, construímos os três primeiros parques públicos, investimos pesado em tecnologia. Mudamos mais de 100 leis e dispositivos legais buscando a desburocratização e a simplificação, criando um ambiente favorável aos investidores, o que faz com que a população tenha mais oportunidades e, consequentemente, mais qualidade de vida.  O que me motiva é fazer gestão, entregar resultado.

Pelo Estado: Os altos índices de aprovação em Jaraguá do Sul garantiram ao senhor uma reeleição com chapa pura. O senhor buscará como candidato ao governo promover alianças com outras siglas ou poderá ser de chapa pura?

Já estamos conversando com os outros partidos. A homologação do meu nome como pré-candidato me obriga a ir construindo o projeto e é a isso que vamos nos dedicar. O MDB tem um quadro altamente qualificado, teríamos nomes para compor em chapa pura sem dúvida, mas sou favorável a alianças com siglas que pensem parecido com a gente. Que vejam a necessidade de uma gestão mais eficiente, que entregue mais, que ofereça melhores serviços, que diminua o peso das costas dos trabalhadores e empreendedores e que quando esse governo termine tenha deixado uma Santa Catarina mais preparada para o futuro.

Pelo Estado: O senhor é apontado como uma das lideranças que apoia o governo do presidente Jair Bolsonaro. Qual a avaliação o senhor faz do mandato dele em favor de Santa Catarina?

Eu, como 80% da população catarinense, apoiei o Bolsonaro. Digo até que ele foi um dos meus padrinhos políticos. Sou um político de centro-direita, que defende a liberdade econômica, a inclusão por meio de oportunidades e não de mero assistencialismo. E o Brasil precisava muito de uma mudança. Bolsonaro teve acertos, mas não sou cego, também tenho críticas ao governo do nosso presidente. Uma das questões é que Santa Catarina recebeu um retorno muito aquém do que merecia. Além disso, essa briga ideológica envolvendo a pandemia não ajudou e as reformas não avançaram.

Pelo Estado: Qual a avaliação o senhor faz da gestão do governador Carlos Moisés?

Pessoalmente, não tenho problema com o Moisés. Ele é um homem educado, de bom trato. Mas minha visão nunca é pessoal e sim de resultado. O governo ficou dois anos parado. Primeiro, porque o Moisés não saia da Agronômica e não ouvia ninguém. Depois, toda a questão dos afastamentos, a suspeita em torno dos respiradores. E aí, quando conseguiu retornar ao cargo, ele mudou de postura e politicamente conseguiu construir uma base. Mas não vamos nos enganar, Santa Catarina, assim como a maioria dos Estados, está com o cofre cheio por diversos motivos como inflação e a própria pandemia e muito ainda pela força das nossas empresas, do nosso povo trabalhador. Dinheiro tem, mas não há nenhum projeto a longo prazo, o governo vai conseguir entregar muito pouco. Santa Catarina merece uma gestão melhor.

Foto: divulgação