Entrevista Jessé Pereira – PATRIOTA/SC: "Eu posso fazer diferente porque eu sou renovação”

Natural de Camboriú, Jessé Pereira disputa pela primeira vez uma eleição. Trabalhou durante 19 anos como vendedor ambulante de produtos para casa. Hoje, está prestes a concluir a graduação superior em Gestão Pública. É presbítero da Assembleia de Deus.

 

Jornais ADI/Adjori – Jornais do interior ADI/Adjori – Já estamos bem próximos das eleições, como está a candidatura, como está a campanha? O que tem percebido de adesão nas ruas?

Jessé – A minha candidatura saiu muito de repente. Aos 50 minutos do segundo tempo, no dia 8 de agosto. Encerraram esse assunto e o candidato escolhido ao governo fui eu. Tomei um susto. Não que eu tenha medo, ou não esteja preparado. Estou me formando em gestão pública e a gente conhece um pouco. Mas um governo não se faz sozinho, se faz com um grupo de governo. Montando um grupo bom, com pessoas capacitadas, a gente consegue governar bem. Eu tenho todas as características que precisa para ser um candidato. Só que o meu problema é financeiro. O presidente disse que não era para eu me preocupar, que eu tinha o nome limpo e um sou um homem bom para trabalhar. Para além disso, nós queremos rever profundamente a questão dos benefícios fiscais concedidos em Santa Catarina. Porque não é razoável que a gente deixe de cobrar impostos mais do que é investido e em Educação. Nós entendemos que é preciso dar transparência para as isenções fiscais. Isso precisa estar na internet, no portal, explicando o motivo da isenção.

 

ADI/Adjori – ADI/Adjori – Ao tomar posse, qual a primeira medida?

Jessé A minha maior preocupação, no primeiro ato como governador do Estado de Santa Catarina, é montar um grupo capacitado. Um grupo que não seja de cargos políticos, mas de meritocracia. Com um profissional capacitado para cada área. A segunda ação seria colocar pessoas em número necessário, não em excesso como existe hoje. Hoje tem excesso de funcionários, de comissionados. Por exemplo, um médico para cuidar da pasta da saúde. Na educação, um mestre em educação. Não colocar só porque apoiou na campanha. Isso tem que acabar. A politicagem tem que acabar. A montagem de governo tem que acabar. Outra coisa é cortar todo tipo de dinheiro que está saindo pelo ralo. Todo tipo de privilégio, mordomias. Eu quero extinguir todas as secretarias regionais.

 

ADI/Adjori – Qual área merece mais atenção do governo?

JesséMeu pai está com 78 anos esperando um exame do coração desde outubro do ano passado. Ele teve um infarto e esse exame não sai. E assim como meu pai, existem muitas pessoas humildes que não conseguem um exame, uma cirurgia. Eu acho que o primeiro impacto no governo é a questão da saúde. E, para isso, precisaremos de dinheiro. Eu vou enxugar o governo e, sobrando dinheiro, eu penso em fazer parceria público-privada para zerar as filas de exames e cirurgias através dos hospitais privados. Claro que é necessário sentar e ver como funciona melhor. Eu tenho pessoas cuidando disso. A primeira coisa é atacar na saúde. E outra coisa que precisamos rever é a segurança pública. É preciso que se tenha prioridade. A prioridade não pode ser secretaria regional, prioridade não pode ser grupos políticos para governar, inchando a máquina pública. Prioridade tem que ser os três pilares importantes de um governo: a saúde, a segurança e a educação. Claro que o governo não se faz só com esses três. Tem muita coisa. Mas o que mais o povo clama é por isso. E tem mais uma coisa que o povo clama: emprego.

 

ADI/Adjori – Como você pretende fazer o desenvolvimento econômico do Estado?

JesséNós temos que ir atrás de empresas. E outra, os outros governantes também já foram atrás de empresas, eu não sei qual é a forma que eles usam, se alguém quer tirar vantagem com essas empresas. Para conseguir atrair alguém, é preciso primeiro mostrar segurança no que você fala. Para atrair o eleitor, é preciso passar a segurança de que estou falando sério. Infelizmente muitos políticos parecem que falam sério. Convencer o povo de que eu sou sério não é fácil. Porque eu não tenho nada a ver com esse grupo político. Só que eles têm uma maneira: conhecer a minha vida, conhecer a minha história, ir na minha cidade e conhecer minha família, conhecer quem somos nós. Não tem como eu provar que eu sou bom. Agora, as pessoas podem ir atrás e descobrir que eu sou bom.

 

ADI/Adjori – Hoje, o Estado usa renúncias fiscais para atrair empresas. Com a crise, as empresas não estão vindo, e o investimento é pequeno…

JesséHá uma palavrinha que está faltando: credibilidade. O empresário de fora perdeu a esperança no Brasil. O Brasil perdeu a credibilidade para o povo de fora. A nossa imagem está feia lá fora, com desconfiança, mas nós temos um povo bom aqui no nosso país. Não é só gente ruim. Infelizmente a mídia está levando o ruim, mas temos um povo bom, com empresários sérios. Tem político ruim, tem político bom. Tem jornalista bom, tem jornalista ruim. Tem pastores fazendo a obra de Deus séria, tem outros que não.

 

ADI/Adjori – Alguma mudança tributária em mente?

JesséÉ preciso rever as renúncias, se elas estão de fato ajudando ou só estão beneficiando alguns. Eu tenho um programa chamado “Mais Empregos, Menos Impostos”. Mas não é só dar menos impostos. Primeiro, é preciso que o setor ou a empresa gerem empregos para depois receber o retorno disso para o Estado.

 

ADI/Adjori – E sobre a questão da infraestrutura?

JesséPrimeiro é rever o pacto federativo para trazer esse dinheiro de volta e poder aplicar em infraestrutura. Porque o governo federal recebe R$ 50 bilhões de Santa Catarina e devolve R$ 9 bilhões. Esses R$ 41 bilhões que sobram, ele não está investindo em Santa Catarina. Outra coisa. Gastaram R$ 800 milhões com a Ponte Hercílio Luz. A ponte Anita Garibaldi, de Laguna, custou R$ 700 milhões e é uma ponte linda, de primeiro mundo. Eu acho que a população que é a maioria não pode aceitar isso pacificamente. Nós temos que reagir.